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Bruna Garcia Fonseca[email protected]
São Paulo – Um óleo de buriti no quintal, R$ 152 na conta e um sonho. É assim que a história doSaboaria Rondônia iniciado. Suas fundadoras Mareilde Freire e sua filha Jaqueline Freire queriam fazer um hidratante que ajudasse a hidratar a pele seca, mas que não ficasse pegajosa com o calor de Rondônia. Na foto acima, Mareilde (R) e Jaqueline (L).
Depois de algumas tentativas, chegou à receita do hidratante corporal de buriti. Ela conhecia as propriedades doburiti oileram ótimos para vários tipos de cosméticos, então ela começou a fazer sabonetes, primeiro com glicerina, e agora tem sabonetes naturais sem ingredientes sintéticos, esfoliantes faciais e corporais, brumas hidratantes, produtos para cabelo, protetor labial, entre outros.
O carro-chefe da empresa é o óleo de buriti, extraído por cerca de vinte mulheres de comunidades rurais de Rondônia – em Ouro Preto do Oeste, Cacoal e Machadinho d'Oeste – e também do Acre.
Mareilde com uma cesta de sabonetes e sua filha Jaqueline
"Nossa empresa tem três pilares: empoderamento da mulher rural,desenvolvimento sustentável , e a promoção da cadeia de abastecimento regional. E é sobre esses pilares que criamos conexões e nos apoiamos”, disse Mareilde à ANBA durante a 10ª Rondônia Rural Show Internacional, em Ji-Paraná.
Além de levar as mulheres para o mercado de extração de óleo, a fabricante de sabonetes também realiza treinamentos e workshops, além de atividades de lazer. "Realizamos uma oficina de leite, já que estamos em uma região produtora de leite, distribuindo laticínios, e realizamos dias de spa para eles, a fim de conscientizá-los sobre o leque de possibilidades que temos", disse Jaqueline.
Mareilde reforça que quer vender mais para poder expandir o negócio. "Para a gente prosperar e crescer não só como fabricante, mas como toda uma cadeia, engajar mais mulheres, mais agricultura familiar, empoderar os pequenos produtores. Vemos uma riqueza natural abundante, mas não temos muita tecnologia, então cada pessoa tem que desempenhar o seu papel", disse ela.
A ideia original surgiu em 2015, quando os R$ 152 foram usados para comprar os primeiros ingredientes para os sabonetes de glicerina, e depois de perceberem o poder hidratante combinado com o que tinham no quintal dela, iniciaram o negócio de sabonetes.
"Aí tivemos que criar critérios. Estamos trazendo esse desenvolvimento ao colher de forma sustentável o buriti, o babaçu, então não podemos esgotar o que a natureza nos dá. Esse equilíbrio é o que faz a fabricante de sabonetes ser o que ela é hoje", disse Mareilde.
"Hoje o buriti em pé significa renda, alimento e floresta preservada, pois quando extraímos o óleo, usamos na cosmética, enquanto a semente vira muda e volta para o meio ambiente. Agora temos uma área de reflorestamento. Estamos descobrindo os gargalos, pois toda a cadeia produtiva tem que se adaptar e se estruturar", disse Jaqueline.
Creme corporal de buriti e óleo de buriti
Um buriti leva de 7 a 15 anos para começar a frutificar. As árvores reflorestadas começam a dar frutos. "Em alguns dias vamos colher pela primeira vez em nossas próprias plantações", disse a filha.
Por enquanto, a colheita manejada de forma sustentável é feita por mulheres rurais. “Ano passado, em 2022, fizemos um mapeamento e identificamos cada buriti na nossa propriedade e na dos sócios, então agora se você quiser adotar um buriti, você pode, e vai poder rastreá-lo como é identificados", disse Mareilde. O mesmo vale para o babaçu.
"Escolhi o buriti pelo que ele me proporcionou, pois melhorou minha tez para não envelhecer graças a ele. Queria que nosso primeiro hidratante não fosse pegajoso devido ao nosso clima amazônico, além de retardar o processo de envelhecimento e traz de volta a hidratação natural da pele", afirma Mareilde.
Além do buriti, a fabricante de sabonetes utiliza outras frutas da biodiversidade amazônica, como copaíba, pracaxi, murumuru, andiroba, babaçu, tucumã, seiva sangue de dragão, entre outras.